Privacidade nas Redes Sociais: Uma abordagem diferente

Posted: 3 de agosto de 2010 by Finho in Marcadores: , , ,
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Que me desculpem os puristas e especialistas, mas essa questão da privacidade na internet já esgotou minha paciência. Tido como assunto relevante em diversas palestras, revistas, fóruns e escolas, eu NUNCA vi este tema ser conduzido com algum bom senso.

"É preciso ter cuidado com as informações que você disponibliza na internet", "as pessoas estão expostas", "todo mundo pode ver tudo".

Essas frases frequentemente proferidas em meios dotados de experts não agregam nenhum tipo de novidade ou discussão à mesa. Talvez, uma criança que acesse o Orkut não tenha noção do perigo de adicionar informações ao seu perfil e vale ressaltar que as redes sociais, na teoria, só admitem maiores de 18 anos.

Agora, quando falamos de maiores de 18 anos, é claro que esses cidadãos sabem da dimensão exata de cada informação que é adicionada ao seu perfil em redes sociais. O maior exemplo disso é constatar que os perfis trancados do orkut e do facebook foram prontamente adotados logo que sugiram. Esta sim é uma observação interessante que quase sempre é negligenciada. No início do Orkut, pouca gente se importava que suas informações ficassem abertas à todos, mas quando posteriormente o site sugeriu alguma forma de privacidade, a maioria acatou. Esse fato que mostra que os usuários têm noção da invasão de sua privacidade nas redes.

Outro fato interessante é perceber que o Facebook ainda é repleto de fotos de pessoas com sungas e biquinis ou casais que assumem o namoro na rede social.

Portanto, a questão óbvia que nunca é abordada quando se trata desse assunto é: As pessoas realmente querem privacidade na internet? Ou melhor ainda: O que as pessoas estão dispostas a receber em troca da sua privacidade?
No caso do Orkut, a maioria dos usuários está disposto a abrir mão de parte da sua privacidade simplesmente pela possibilidade de utilizar a ferramenta. Da mesma maneira que alguém que muda o status de relacionamento no Facebook vê algum benefício nesse ato seja pela massagem no ego, pela facilidade de comunicar os amigos ou pela pressão do parceiro.

O recém comemorado "Dia de largar o Facebook" em minha opinião é uma grande bobagem. Precisou alguém descobrir que os dados dos usuários estavam sendo vendidos para as pessoas se alertarem para o excesso de informações disponibilizadas na rede?

Novidade para você: As pessoas continuam comprando produtos Nike no Wal Mart mesmo sabendo que essas empresas são frequentemente acusadas de trabalho escravo. De forma análoga, pouco importa se o Facebook comercializa os seus dados. Para o usuário comum, vale tanto a pena utilizar a ferramenta que isso é quase irrelevante.

Fazendo uma comparação com o mundo offline, quantas vezes você escreveu seus dados em um papel? Quantas vezes você já não quis participar de uma pesquisa que pagava uma certa quantia de dinheiro ou quantas malas diretas você recebe por dia?

Pois é, isso também foi uma troca. O dinheiro comprou os seus dados na pesquisa e o interesse por alguma oferta comprou a lotação da sua caixa postal. Por que você não pode pagar o facebook com os seus dados?

Vou ainda mais longe. O Facebook nasceu dentro das paredes de uma universidade norte-americana com o intuíto de fazer os alunos se relacionarem entre si virtualmente. Qual seria a graça, se o facebook fosse inicialmente todo fechado e preocupado com a privacidade? Provavelmente, quase nenhuma.

Portanto, deixo meu recado para os apocalípticos de plantão: Parem de gritar pela quantidade de informações em redes sociais e pensem nos incentivos e motivações que levam as pessoas a tomarem essa atitude. E para os anarquistas de plantão: Parem de reclamar que os seus dados estão sendo utilizados. Se você não imaginou que isso pudesse acontecer, foi no mínimo bastante ingênuo. Ou você aceita as regras do jogo e decide que quer usar sua rede social e se expor um pouco ou você opta por não entrar em uma rede social.

É uma simples troca.

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